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Ai de mim que sou romântico, ai de mim que não sei ser moderno. De fato, não sei menosprezar pra sinalizar amor, não sei desdenhar pra demonstrar que estou apaixonado.
Ai de mim que ainda me encanto com as cartas, ainda sonho com o beijo de minha amada, que ainda espero poder ter moradia sem muito luxo, mas com todo o aconchego possível no coração de quem eu amo.
Ai de mim, porque ainda espero reencontrá-la incólume, inviolada, mesmo em uma era onde ter que se preocupar em ser fiel a alguém, está cada dia mais démodé. Ai de mim porque ainda durmo ouvindo músicas românticas e histórias de amor em uma rádio qualquer, ai de mim, porque amo fazer declarações apaixonadas, e adoro mais ainda ouvi-las como um surto natural e espontâneo, pra fazer de tais palavras um marco, uma realização inteira, épica, sem medo de que se torne um simples ato de demagógica democracia.
Ai de mim que nasci velho, e ouço canções e trovas e me encanto como um poeta que viveu de amor.
Ai que de mim que estou preso em um mundo à frente de seu tempo, mas que sorrateiramente tornou o que era tão simples, complexo e puro, em algo distante e sem muito significado por uma exposição demasiada sem preparo e sem emoção.
Ai de mim que lido bem com minhas palavras, mas que hoje em dia não sei como dizer eu te amo.

(Christiano Costa)