12/07/2012

Memórias de Pedro Lins


 Começo a ouvir que vai chover...
 Parado; planejo, indecorosamente, uma maneira de fugir...
 Começo a esquecer de que, daqui se dá pra sentir gritos de mães pelos seus de amor, e entendo que breve é a hora de partir...
 Percebo que tudo está escuro, e salto para longe da minha incólume humanidade.
 Vejo o verde encantante de um dia que se disse ser cinza, ouço danças aos sorrisos e sinfonias de quem conseguiu sorrir.
 Hoje é dia de vida, dia de passos obstinados, de desejos acobertados, dia de cair em si da real, dia de fechar os olhos e ver os amigos que pactearam eternidade partirem por terem encontrado o tal fim, dia de notar pessoas que nos disseram que ficaria tudo bem deixar o palco da existência por honra e descrença em suas próprias profecias.
 Hoje é o dia de o meu time ser campeão, dia de ver meu cão me ver e, alegremente, me reconhecer. Dia de cantar a canção do amigo, e de chamá-la my sweet love.
 Hoje é o dia, iminentemente, perto demais, dia que me beija doce e suavemente, como uma dona ao seu amado, hoje é dia de dizer que vivi, que fiz viver e historiar; de dizer que nunca vou deixar de ser, só por estar prestes a sobrestar de viver.
 Hoje é o dia de a minha estrada fazer sentido, e eu não sei, sequer, o que sentido significa. Não sei se é meu, o meu nome, ou se é dado; o que me foi entregue. Hoje é o dia, e nem outro...
 Dia de encontrar o que me põe à ponta pé. De abandonar essa louca e breve ilusão para navegar numa exatidão realista e eletrizante.
 Dia de dar razão ou não ao Poeta que disse pra si ou em vão, que morrer não havia de ser tão ruim assim.


ChristianoCosta          

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